LAÇOS ETERNOS


Conheça a história de Daniela, que teve um rim transplantado e o doador foi seu próprio irmão


Rogério e Daniela
Dizem que os laços de sangue são eternos. O que dizer, então, se esses laços ainda forem renovados ao longo da vida? Foi o que aconteceu com Daniela Brito Cândido Tosi e Rogério Brito Cândido, moradores de Varginha. Os dois são irmãos e há cerca de dez anos um enorme gesto de amor permitiu que a ligação deles ficasse ainda mais forte. Conheça essa linda história.


Aos 19 anos, Daniela descobriu que tinha apenas um rim e, por isso, ainda muito jovem, já sofria de insuficiência renal crônica. Então, ela procurou ajuda médica e seguiu tratamento com um nefrologista. Tudo corria bem, quando descobriu, aos 22 anos, que estava grávida. O problema não foi saber que tinha engravidado, mas sim, descobrir que após dar à luz, precisaria fazer um transplante, pois o único rim que possuía não funcionava bem.
Ela foi a São Paulo com seus pais e irmãos e todos, com vontade de ajudar, fizeram o teste de compatibilidade. No resultado do exame foi constatado que Rogério era 100% compatível com a irmã e sem titubear, ele se prontificou a doar um de seus rins a ela. “Foi muita felicidade saber que eu não precisaria esperar na fila por um rim, que meu irmão era compatível”, conta Daniela.
Após todos os exames serem feitos, Rogério e Daniela seguiram para a cirurgia no dia 17 de julho de 2002. Todo o procedimento correu bem e, hoje, os dois têm uma vida normal. Daniela, que já tinha Marina - recém-nascida na época do transplante e hoje com 10 anos - teve autorização para engravidar novamente após seis anos de cirurgia feita e hoje é mãe também de Ana Luiza, com 2 anos e 5 meses. As duas são as provas de como a doação de um órgão pode salvar vidas e nesse caso em particular, ainda propiciou que outras vidas surgissem.

Como não poderia deixar de ser, a Daniela tem um sentimento de gratidão enorme pelo irmão e não cansa de se lembrar que ele salvou sua vida. “O meu agradecimento pelo Rogério é eterno. Ele é um homem de muita coragem e, principalmente, cheio de amor. Devo minha vida a ele”, se declara.

A experiência pela qual os dois passaram não serviu apenas para fortalecer laços familiares, mas também para incentivar a ajudar outras pessoas. Hoje, eles fazem parte da Associação de Doentes Renais Crônicos e Transplantados Renais de Varginha e Região - Pró-Rim - que trabalha em prol de pessoas carentes que passam pelo mesmo problema por qual passaram. A Pró-Rim foi fundada no ano de 2003 e Rogério é o atual presidente da associação.

Final feliz
A história de Daniela e Rogério, felizmente, teve um ótimo final, mas, por outro lado, ainda tem muita gente que teme um desfecho não tão glorioso de sua luta. No mês de janeiro deste ano, só no estado de Minas Gerais, havia 2.697 pacientes na fila de espera pela doação de um órgão. Desses, 1908 precisavam transplantar o rim. Se nos basearmos pelo número de transplantes realizados no ano passado, que foi de 2.115, mais de 500 pessoas estariam necessitando urgentemente dessa ajuda.
Campanhas de conscientização têm sido realizadas frequentemente para que as pessoas se sensibilizem e tenham essa iniciativa de ajudar ao próximo. Quem tem interesse em ser doador, precisa apenas conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas. Já para a doação em vida, como a realizada pelos irmãos varginhenses, precisa, anteriormente, ser avaliada a compatibilidade sangüínea. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família (até 4º grau) ou até um amigo. Este tipo de doação entre vivos, só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.
Se mais pessoas tiverem essa iniciativa, talvez todos possam ter um final feliz como o de Daniela e Rogério.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

0 comentários:

Postar um comentário