Atenuando a TPM





A Folha Online publicou hoje (18) um estudo desenvolvido por pesquisadores da  Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sobre como atenuar os sintomas da TPM.
No ano passado, uma pesquisa realizada pela Unicamp e pelo Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas, apontou que 60% das 1.053 mulheres entrevistadas (com idades entre 18 e 40 anos) sofrem com os sintomas da incômoda TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL.

 Nervosismo e ansiedade são relatados por 76,4% das mulheres que têm TPM. Mais da metade delas têm alterações de humor e crises de choro, a metade delas sente cólicas fortes e pouco mais de um terço relatou dor e inchaço nos seios.
Um aliado para atenuar os sintomas da TPM (tensão pré-menstrual) agora tem comprovação científica. Cápsulas de ácidos graxos essenciais, substâncias da classe das gorduras, podem diminuir cefaleia, dores no seio, inchaço e irritabilidade.
O estudo feito por pesquisadores da UFPE, foi publicado no "Reproductive Health".
As substâncias já eram indicadas para mulheres com TPM, mas, segundo médicos ouvidos pela Folha, sua eficácia não tinha sido provada por estudos confiáveis.
Foram avaliadas 120 mulheres de 16 a 49 anos que, durante seis meses, tomaram pílulas de 1 g ou 2 g de ácidos graxos (como óleo linoleico, ácido oleico e outros ácidos graxos poli-insaturados) ou placebo¹, com óleo mineral.
Elas foram divididas em grupos de forma aleatória e não sabiam se tomavam as pílulas de óleo ou placebo.
Nesse período, elas tomaram as pílulas por 15 dias a partir da metade do ciclo e preenchiam, diariamente, uma lista com sintomas, aos quais atribuíam notas.
As notas foram comparadas após três meses e, depois, após seis meses do início do teste. Quem tomou a pílula de ácidos graxos teve uma redução nos sintomas físicos e emocionais da TPM.
Os valores foram comparados a uma nota padrão (99). No grupo que tomou a cápsula de 1 g, as notas atribuídas à gravidade dos sintomas foram 58 no terceiro mês e 35 no sexto mês.
O grupo de 2 g relatou melhora ainda mais expressiva.
Segundo Edilberto Rocha, ginecologista do Hospital das Clínicas da UFPE e um dos autores da pesquisa, os ácidos graxos levam à formação do mediador químico prostaglandina E1.
Este, por sua vez, regula a ação do hormônio prolactina, um dos responsáveis pelos sintomas da TPM.

¹ Para quem não sabe, Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina um fármaco ou procedimento inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está a ser tratado.


RESSALVAS
Carlos Alberto Petta, professor de ginecologia da Unicamp, afirma que esse é um dos primeiros estudos sérios a respeito da ação dos ácidos graxos na TPM.
"A pesquisa traz uma nova luz a respeito de complementos alimentares que podem resolver os sintomas, ajudar a diminuí-los ou interagir com outros medicamentos."
Mas Petta afirma que faltam trabalhos para medir efeitos a longo prazo.
"Apesar dos méritos do estudo, não acredito que o tratamento possa ser colocado na prática imediatamente e trocar os tratamentos convencionais eficazes", afirmou César Eduardo Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo.
As cápsulas de ácido graxo são vendidas em farmácias. No entanto, os especialistas alertam para a necessidade da consulta médica antes de tomá-las e lembram que o alívio não é imediato.
"Outras doenças podem causar sintomas semelhantes e exigir tratamentos diferentes", afirma Rocha, um dos autores do estudo.
Além disso, fatores como hereditariedade, sedentarismo e hábitos alimentares também podem estar ligados à TPM. Se a mulher tem sintomas mais leves, uma simples mudança, como reduzir a ingestão de chocolate e café, pode ajudar, diz Petta.
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