Juliana conta como é a vida após emagrecer 53 quilos

          O medo de morrer aos 25 anos e a vontade de ter uma vida normal, como qualquer outra pessoa, foram os principais motivos que levaram Juliana Neves Figueiredo a se submeter a uma gastroplastia, popularmente conhecida como cirurgia de redução de estômago.
          Em entrevista à revista Bem Viver, Juliana contou que sempre foi gordinha. Desde a infância ouvia apelidos na escola por causa de seu peso. Isso influenciou e muito no psicológico e favoreceu para que ela se tornasse uma adolescente insatisfeita com o próprio corpo e muito ansiosa. E essa ansiedade era descontada onde? Na comida, é claro. “Eu não parava de comer enquanto não me sentisse cheia. Qualquer problema ou tensão que tinha, eu descontava na comida”. Então, vendo que cada vez estava mais gorda, começaram a surgir os regimes frustrados, com o auxílio de medicamentos que resolviam o problema por um certo período e depois pioravam o que, para Juliana, já estava ruim. Uma vez, tomando medicamentos, ela disse ter emagrecido alguns quilos e ficado melhor, mas assim que parou, engordou o dobro do que tinha sido perdido.
          Mesmo olhando no espelho e não se agradando com nada do que via, Juliana só tomou consciência plena do que estava fazendo com seu corpo quando teve uma trombose e se descobriu hipertensa. Isso tudo no auge da juventude, aos 25 anos. Como profissional da saúde – ela é bioquímica – e por estudar muito na sua área, levou um choque ao perceber que sua saúde estava muito frágil e que os 117 quilos que ostentava eram os maiores culpados de tudo.
          Foi então que uma amiga, também obesa, foi fazer a cirurgia de gastroplastia e convidou Juliana para acompanhá-la à consulta. Uma certa “inveja” a acometeu e ela resolveu tomar coragem de também correr atrás dos seus sonhos. “Eu pensei assim: Gente! A minha amiga vai ficar magra e tudo isso porque ela tem coragem de correr atrás dos seus objetivos. Eu também preciso tomar coragem”.
          Já convencida de que fazer a gastroplastia era o único jeito de emagrecer e ter uma vida normal, aí veio o segundo desafio. Fazer com que a família entendesse que ela precisava operar. “Minha mãe e minha irmã choraram, falaram que estavam com medo de eu morrer na cirurgia por causa da trombose que tive, mas o médico foi muito paciente ao conversar com elas. Ele disse que o risco de eu ter um infarto aos 30 anos, caso continuasse gorda, era bem mais iminente do que eu morrer durante a cirurgia”, conta Juliana. E esse acompanhamento médico de qualidade, segundo a bioquímica, foi um dos principais responsáveis pelo sucesso da cirurgia. Ela contou com todo o apoio da equipe do Gastro Obeso Center, um centro avançado de Gastroenterologia e Cirurgia da Obesidade, localizado em São Paulo, e que cuida do físico e psicológico do paciente, antes, durante e no pós-operatório. “Eles te dão todo o respaldo. Antes de fazer a cirurgia, por exemplo, foram contados casos de pessoas que ficaram lindas e magras depois da redução de estômago e de casos não bem sucedidos, como de pacientes que morreram”.

 Chegou a hora

          Certa da decisão que tinha tomado e consciente de que estava amparada por bons profissionais, Juliana foi para a mesa de cirurgia. O método utilizado para operá-la foi a vídeo laparoscopia, onde os médicos grampearam parte do estômago para que a outra parte fosse descartada, sem precisar fazer grandes cortes na barriga. “A recuperação da cirurgia foi ótima, quase não senti dor. Só fiquei um pouco aérea ao voltar da anestesia. Quando entrei no quarto, perguntei para minha irmã se eu estava magra”, conta, aos risos.
          Se o pós-operatório foi tranqüilo, Juliana não achou o mesmo da nova dieta que teve que seguir nos primeiros dias. “A recuperação é dividida em semanas e as doze primeiras semanas são de dieta restrita, sendo que as quatro primeiras foram as mais difíceis por poder somente ingerir líquidos. Tinha dias que ficava com uma vontade enorme de mastigar alguma coisa, mas só podia me alimentar de sopinhas que eram colocadas em copinhos de 50 ml, as quais deveriam ser ingeridas durante 20 minutos. Qualquer alimento sólido que eu ingerisse poderia provocar uma fístula – uma abertura interna -, me levando a óbito”.
Hoje, passado um ano meio da cirurgia feita, Juliana é só felicidade. O estômago foi reduzido a menos de 15% da capacidade normal e a alimentação é completamente diferente de quando estava obesa. “Nunca mais comi sanduíches. Os doces, que eram a minha paixão, estão totalmente abolidos da minha dieta por me fazerem mal. Se eu te falar que minha compulsão alimentar acabou totalmente, eu estou mentindo, mas antes, para me sentir satisfeita, tinha que comer muito e, hoje, três bolachas de água e sal já me deixam cheia”.
          E não é só na alimentação que a vida da Juliana deu um giro de 360 graus. O lado social também se transformou. Antes, a jovem que só escolhia as mesas do fundo de um barzinho para se sentar para que não fosse vista, agora prefere ficar em lugar de destaque, sem ter vergonha de ser quem é e atitudes normais na vida de muitas pessoas passaram a fazer parte de uma conquista pessoal de Juliana e se tornaram muito importantes. “A melhor sensação que tive após emagrecer foi poder cruzar as pernas. Isso é impagável”, comemora.
          Hoje, 53 quilos mais magra, guarda-roupas renovado, com a auto-estima elevada e com a saúde em dia, a bioquímica afirma que não poderia estar mais feliz. “Se precisasse fazer a cirurgia novamente, que fosse dez vezes, eu faria tudo de novo. Agora, meus planos são fazer as cirurgias plásticas para retirada da pele que sobra após um emagrecimento tão intenso e ficar mais linda ainda”.
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